sexta-feira, julho 14, 2006

Médias descem em relação a 2005


Segundo dados oficias divulgados hoje pelo Ministério da Educação, dos 28 exames com maior número de inscritos, oito registaram uma média negativa, abaixo dos 9,5 valores numa escala de 0 a 20.
Em 2005, a Matemática já tinha apresentado os piores resultados, mas este ano o cenário foi ainda mais negro, já que a taxa de reprovação à disciplina subiu de 31 para 40%, o valor mais elevado entre todas as cadeiras sujeitas a exame.

No "ranking" das piores médias seguem-se as provas de Física (programa antigo), com 6,9 valores, menos três do que no ano passado, e Química (programa novo), com o mesmo resultado.
No extremo oposto da tabela, Desenho e Geometria Descritiva B é o exame com a melhor média (13,0), seguida de Teoria do Design, com 12,8 valores, a prova com os resultados mais elevados no ano passado.
A classificação no exame nacional vale 30% para a nota final das disciplinas do 12º ano e oscila entre os 35 e os 50% para a nota de candidatura ao ensino superior.
Agência Lusa

Numa sociedade em que cada passo do governo é criticado diariamente, aqui está uma notícia que realmente interessa ler e reflectir duas vezes. Sendo o principal objectivo do governo formar e dar emprego a licenciados, ao ler esta notícia penso que o governo está mesmo a andar para trás. Sinceramente não esperava isto! Como é que se podem formar licenciados que possam contribuir para o desenvolvimento tecnológico se para entrar para as universidades é necessário notas, nos exames das disciplinas específicas, iguais ou superiores a 10 (nos politécnicos 9,5) quando disciplinas como a matemática e a fisíca apresentam médias destas?
Por outro lado, posso dizer que tenho muitos colegas que entraram com notas de específicas inferiores a 9,5 e que estão a acabar o bacharelato em Engenharia Mecânica, sendo este curso superior um dos mais exigentes em relação à matemática e à fisíca.
Algo está mal então, se os alunos chegam ao ensino superior e têm capacidades para aprender e passar a estas cadeiras porque é que no secundário são tão maus? Acho que a resposta é óbvia: os professores do 2º e 3º ciclo e do ensino secundário não sabem cativar e motivar os seus alunos para este tipo de disciplinas. Mais uma vez a culpa é da impunidade dada aos trabalhadores da função pública.
Numa era em que existem cada vez mais professores saídos das universidades (e não só) no desemprego, há que avaliar este sector da sociedade. Neste país nada se faz sem o "chicote na mão". Deve ser por termos saído à relativamente pouco tempo do salazarismo. Por outro lado, a fiscalização e consequente avaliação não é possível se a corrupção continuar a prosperar. Este é o principal problema deste país.

Ricardo Reis 14/07/2006